22.8.07

Pimenta no Cancún dos Outros É Refresco

Cancún pouco antes do furacão: eu tinha escapado de lá um pouquinho antes, na excursão turística mais azarenta de todos os tempos

Pra quem ainda me agüenta, peço desculpas pela demora em postar durante meu período de férias (desde o final do Pan - aquela mensagem com a foto da deliciosa raba, com a buça digrátis, da Juliana Veloso - que eu não aparecia por aqui). É que, logo no primeiro dia de agosto, recebi de presente da chefia da Trombada uma excursão pela América Latina pelos serviços prestados. E aceitei, claro, porque era com tudo pago. Não sendo a Stella Barros a agência de viagens e não passando pela Venezuela, tá valendo.

No dia 5, segunda-feira, tentei viajar. Fui ao Galeão pegar meu prêmio. Fiquei esperando uma porrada de tempo - quatro dias, pra ser mais exato - até conseguir embarcar (vocês sabem como tá uma bosta a aviação na terra de Dumont). Junto com uns pitpassageiros revoltados com a ANARC, destruí um pouco o aeroporto tomjobístico e saqueei um pouco a loja de conveniência. Como recompensa, a companhia aérea nos deu umas barrinhas de cereal como alimentação. Fiquei nessa toada por mais três dias. No dia 12, enfim, embarquei. Primeira parada: Peru!

Desembarquei no aeroporto de Pisco no dia seguinte, depois de uma baldeação no aeroporto de Sucre, na Bolívia, pra trocar o óleo do avião. Vi a pobreza, a miséria e a luta de um povo para sobreviver. Aos poucos, deu pra perceber por que aquela excursão latino-americana nos saiu tão barato: faltava tanta coisa naquela viagem - dentre outras, banho quente, comida e água potável, ou seja, o básico que aquela companhia de viagem vagaba não tem - que as linhas aéreas tomaram (ou tiveram, sei lá) vergonha na cara e nos mandaram pra outro lugar já no dia seguinte.

Depois de escalas na Cidade do Panamá, em Manágua, em Santo Domingo, em Tegucigalpa e no diabo a quatro, chegamos a um destino melhorzinho: Cancún, no México! Aí, sim, um destino prestável. Só que ficamos na calçada do hotel (aquela merda de agência de turismo se esqueceu de pagar a hospedagem) e ao léu durante dois dias. Quase promovemos outro quebra-quebra, aí sim pro mundo inteiro ver. Até que a tal companhia reconheceu a sua incompetência e decidiu nos dar um atalho pra chegar, pelo menos à piscina do hotel cancunzístico. Pulamos o muro do hotel escondido, demos uma mergulhada colossal e lavamos nossa alma. Só que aquela água estava contaminada e pegamos uma micose de lascar. E o pior é que a tal companhia não tinha dinheiro nem pra pagar o remédio, quanto mais pra passagem de volta.

Eu me emputeci e decidi voltar pra casa por conta própria. E ainda por cima, de penetra. Na calada da noite, arrumei as malas e entrei de gaiato num ônibus de turistas brasileiros que estavam cagados de medo de alguma coisa. De todo modo, driblei a segurança e entrei no compartimento de bordo de um avião com destino a São Paulo. Como o avião não era da TAM, fiquei tranqüilo.

Foi uma experiência um tanto congelante viajar como clandestino, mas felizmente voltei pra casa. Em termos: depois de desembarcar em Guarulhos, tive que improvisar pra pegar um ônibus para o Rio (não pego ponte-aérea nem que a vaca tussa): entrei no bagageiro de um turismo e agüentei assim a Dutra inteira.

Voltando pra casa, conferi as notícias. E vi que a nossa excursão, além de ser uma joça, foi pé-frio: houve um terremoto no Peru e um furacão no México. Ainda bem que moro no Brasil, que não tem nada disso. Só um monte de safados, mas isso é um simples detalhe.

P.S.: Não pensem que esqueci a entrevista do ano, não! Nos próximos dias, eu a publicarei.